sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

ROMANCE OU PERDIÇÃO?

Antes de mais nada, quero dar meus parabéns ao Eduardo Levy por seus insights culturais no Facebook. Deixo uma recomendação, caro Eduardo: crie um blog. Suas publicações são valiosas demais para se perderem na linha do tempo.

O Eduardo entrou em um assunto interessante nessa sexta-feira (20): o amor romântico. Confira o que ele disse ao Público:

"'O amor romântico sempre foi visto, até o século XVIII, como uma espécie de desordem mental passageira.' (Luiz Gonzaga de Carvalho Neto)

'Perguntaram pra mim se ainda gosto dela.
Respondi: Tenho ódio e morro de amor por ela.' (Leandro e Leonardo)

O que é legal no amor romântico é que há necessariamente nele um elemento de raiva, de repulsa, até de ódio: este é que lhe dá alimento e intensidade, de modo que quanto maior o ódio, maior o amor.
Por isso é que não é de vez em quando que nos apaixonamos pela pessoa errada: se nos apaixonamos por uma pessoa, é porque ela é necessariamente a pessoa errada. A pessoa certa jamais produziria em nós emoções intensas e contraditórias o suficiente para que nos apaixonássemos por ela. É claro que Romeu e Julieta estavam fadados a se apaixonar: era ódio demais para que não se transformasse em amor. Os idiotas da objetividade se espantam da facilidade com que as mulheres se apaixonam por canalhas. Ora, mas vocês esperavam que elas se apaixonassem por quem? 
 
E no entanto “Tudo isto o mundo sabe e ninguém sabe/ fugir do céu que assim no inferno cabe” (Soneto 129)."
 
Esse dado cultural é muito valioso e presente no cotidiano brasileiro. Eu cheguei a comentar nessa publicação dele, dizendo:
 
"A punição gera dopamina - isto é, impulso por um objetivo, que é a aprovação.

Se uma relação é livre de punições, de toxidade, ela é vista como fria, não como boa.

Inclusive, vejo muito esse elementos em famílias "estáveis" - uma briga constante, vários vais e vens, que mais parece uma prisão infernal do que um lugar de refúgio e restauração.

A única exceção se encontra em casais hiper ocupados, que se enchem de obrigações e afazeres exatamente para fugir de suas emoções. Alcoolismo, traições, muitos trabalhos e amizades supérfluas - tudo é pretexto para fugir da tortura de estar com o bem amado.

Só no Reino da razão a bondade é vista como boa e a maldade como um tempero a ser usado em PEQUENAS doses de brincadeira para apimentar de vez em quando uma convivência - não para ser regra de vida de ninguém.

Sigam a deusa das emoções se quiserem mas o inferno é seu destino final. É essa maluca que reina aqui nesse Hospício Tropical".

Algumas pessoas comentaram sobre essa minha observação, dizendo: "muito pertinente ter falado sobre a dopamina, que gera a necessidade de emoção constante e intensa, seja com brigas ou traições. Se o sujeito não tiver maturidade e dedicação diária antes de casar, ele está fadado a cair".
 
O canto de sereia dos instintos baixos engana muita gente. O crocodilo nunca fecha seu sorriso, a sereia nunca deixa de cantar...
 

quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

NOTA: VIRTUDE E VÍCIO NO CINEMA NACIONAL

"As tragédias revelam virtudes, as comédias revelam defeitos. 

O fato do cinema brasileiro ser constituído quase completamente por comédias revela o quão distantes estamos das virtudes humanas que nos salvaria das desgraças que nos aflinge."

(Renato Rabelo, via Facebook, 18/01/2023)

domingo, 31 de julho de 2022

(CITAÇÃO) LEI E MORAL, POR FRÉDÉRIC BASTIAT

Quando lei e moral se contradizem, o cidadão precisa fazer a cruel escolha entre perder seu senso moral ou perder seu respeito pela lei. 
(A Lei, Frédéric Bastiat)

quarta-feira, 27 de julho de 2022

(CITAÇÃO) A REVOLUÇÃO DE VALORES, POR FERNANDO PESSOA

"O comunismo não é um sistema: é um dogmatismo sem sistema — o dogmatismo informe da brutalidade e da dissolução. Se o que há de lixo moral e mental em todos os cérebros pudesse ser varrido e reunido, e com ele se formar uma figura gigantesca, tal seria a figura do comunismo, inimigo supremo da liberdade e da humanidade, como o é tudo quanto dorme nos baixos instintos que se escondem em cada um de nós.

O comunismo não é uma doutrina porque é uma antidoutrina, ou uma contradoutrina. Tudo quanto o homem tem conquistado, até hoje, de espiritualidade moral e mental — isto é de civilização e de cultura —, tudo isso ele inverte para formar a doutrina que não tem."

Fernando Pessoa

sexta-feira, 15 de julho de 2022

VOLTANDO AOS TRABALHOS

Todo grande edifício precisa primeiro de um período de invisibilidade para durar. Qualquer obra grande precisa, primeiro, de um bom período de escavações e montagem de uma fundação invisível para poder existir. No mundo intelectual, isso não é diferente.

Quando falei sobre esse blog e sobre o vlog de mesmo nome do Youtube, alguns leitores ficaram animados e ansiosos para ver algum conteúdo sobre a tal "cultura" que tanto se fala no debate público. Para sua frustração, demorei para escrever essas primeiras linhas, por estar muito ocupado com questões fundamentais do meu cotidiano que, caso não estivessem resolvidas, rachariam a qualidade deste trabalho.

Aliviado o estresse de tantas expectativas, vamos ao que interessa. Quando ouvimos algum político ou ativista de qualquer sorte falando em cultura, normalmente algum tipo de arte é mencionado (teatro, literatura, música, etc). Quem tentar formar um conceito de cultura apenas pelo que ouve nas propagandas políticas vai acabar confundindo cultura e arte, como se fossem equivalentes.

Cultivar (cult+ivar) a terra é colocar algo vivo DENTRO dela para que germine. Dependendo do que foi colocado nessa terra, um pequeno caule de um certo formato vai aparecer e vai crescer até estar plenamente manifesto. Alguém pode até não conhecer as sementes mas é fácil reconhecer uma árvore quando ela já está dando seus frutos. 

Depois de ver várias definições de cultura (cult+ura), o leitor atento perceberá que ela é uma MANIFESTAÇÃO de algo INTERIOR e INVISÍVEL no homem. Conhecimentos, crenças e valores de uma pessoa ou de um povo dificilmente poderiam ser vistos sem essa manifestação. E essa manifestação pode, sim, acontecer através da arte - mas não só da arte. O comportamento, as tradições e os debates (principalmente os assuntos de seu maior interesse) também são cultura, tão são manifestações de conhecimentos, crenças e valores que podem existir em algum povo independente do investimento público em arte.

Como nordestino, posso usar um exemplo que o leitor esteja familiarizado para ilustrar o que estou querendo dizer. É de conhecimento geral que o nordestino tem, em seu comportamento, um sotaque cantado que o diferencia dos brasileiros de demais regiões. Como zona amplamente semiárida e predominantemente rural, o Nordeste sempre foi um vale de sofrimento sem fim. Não estou falando da vida com as facilidades modernas mas principalmente dos tempos em que a humanidade ainda não tinha aprendido a manipular a eletricidade. Não tinha ventilador, ar condicionado, geladeira, nem rádio, TV ou computador.

Para aguentar o sofrimento, o nordestino apegou-se às trovas portuguesas para se divertir e a poesia era sua sombra e água fresca. Os pedregulhos quentes do campo eram contrastados com as flores de sua garganta, com as palavras rimadas e metrificadas das cantorias, que continuam sendo tradição em festas juninas pelo país inteiro. O nordestino consumia poesia para sobreviver. E a poesia ficou marcada em seu jeito de falar. O sotaque nordestino facilita a produção de poesias, como observou certa vez meu querido pai (encaixando algumas frases aleatórias, que ele ouviu de algum comerciante num passeio, em possíveis motes poéticos para me mostrar onde está a graça desse sotaque).

O sotaque nordestino, nesse caso, é uma manifestação de um constante sofrimento material sendo remediado por uma alegria imaterial. Esse sofrimento e essa alegria podem não ser percebidos - mas o sotaque é! O sotaque nordestino é uma manifestação clara de um cultivo emocional feito no subterrâneo dos corpos calejados dos sertanejos!!! Hoje até mesmo uma pessoa mimada pode ter o sotaque cantado do nordestino e acabar vivendo nessa terapia improvisada sem sofrer nenhum dia de sua vida como ele sofreu...

Da mesma maneira que é interessante conhecer certa cultura, também é interessante notar que existem traços iguais em culturas aparentemente diferentes. Algumas dessas experiências são comuns a toda humanidade. São essas experiências universais que recebem o nome de ALTA cultura nos debates. Entendeu? A alta cultura também sobrevive ao tempo e também recebe outros nomes do povão, como sabedoria milenar, escritura sagrada, etc, etc.

 O que me interessa aqui, nesse blog, é tentar definir a cultura brasileira e tentar descobrir sua posição dentro das experiências universais que tenho consciência. Assim, é possível transpor a barreira da rotina e libertar a mim mesmo (e, talvez, aos leitores) de suas amarras culturais, permitindo que esse país consiga, de alguma maneira, deixar de ser cauda do mundo e passar a ser cabeça. Também é importante, nesse trabalho, não apenas mudar elementos culturais mas também descobrir onde temos uma cultura forte que pode nos dar o orgulho de ostentarmos uma boa identidade!!!

Nos falaremos mais em outras publicações. Foi um prazer te receber aqui!

Até a próxima!

ROMANCE OU PERDIÇÃO?

Antes de mais nada, quero dar meus parabéns ao Eduardo Levy por seus insights culturais no Facebook. Deixo uma recomendação, caro Eduardo: c...